Liberdade nas Séries de Televisão

O 25 de Abril em séries produzidas pela SP Televisão

Duas séries da SP Televisão para a RTP, Conta-me Como Foi e Depois do Adeus, evocam o 25 de abril de 1974, ficcionando o acontecimento, mas respeitando os factos, com rigor histórico.

A série Conta-me Como Foi, adaptação de um original espanhol, protagonizada por Rita Blanco e Miguel Guilherme, revelou-se um assinalável êxito televisivo, ao longo de 2007/2011 e 2019/2023, com a produção de cerca de 150 episódios.

A série conta a história da família Lopes ao longo dos anos, com início em 1968. A história da família entrecruza-se com os acontecimentos da época, tornando-se assim possível acompanhar as mudanças sociais, económicas e políticas ocorridas em Portugal no período que vai do final dos anos 60 até à revolução de 25 de abril de 1974.

O primeiro episódio foi transmitido pela RTP em 22 de abril de 2007. A série começa em março de 1968 com a chegada da televisão à casa da família Lopes, bem a tempo de assistir ao Festival da Canção. O último episódio da quinta temporada foi transmitido em 25 de abril de 2011, com os Lopes a viver o mesmo dia de 1974.  

Em fevereiro de 2019, a RTP decidiu retomar a produção da série, com mais 52 episódios, agora com o enredo já na década de 80. O primeiro episódio da sexta temporada foi emitido em 7 de dezembro de 2019, com a família Lopes a festejar o novo ano de 1984.

A série teve mais três temporadas (52 episódios), abrangendo o período histórico entre 1984 e 1987.

Assim como na série Conta-me Como Foi, que retrata de forma íntima e cativante a vida de uma família portuguesa durante os anos 60 e 70, também a Revolução dos Cravos, ocorrida em 25 de abril de 1974, desvenda os dramas e as esperanças de todo um povo.

As personagens da série, enfrentam os desafios de uma época marcada pela ditadura e pelas mudanças sociais, e os portugueses que participaram na revolução procuravam uma nova narrativa para o país, um ambiente de liberdade, justiça e democracia.

Os membros da família Lopes enfrentam as suas próprias batalhas pessoais forçados a lidar com dilemas morais e conflitos internos, assim como os cidadãos portugueses que enfrentaram os seus medos e incertezas ao reivindicarem os seus direitos desafiando um regime autoritário.

Através destas duas realidades paralelas, tanto a série como a Revolução dos Cravos lembram-nos a importância de contar a história do nosso país, aprender com o passado e lutar por um futuro mais justo e inclusivo.

Depois do Adeus, foi uma série de 26 episódios, emitidos em 2013, centrada na vida dos chamados retornados, os habitantes das ex-colónias que se viram obrigados a regressar a Portugal continental, como resultado do processo de descolonização resultante da revolução de 25 de abril de 1974.

A série Depois do Adeus oferece um retrato dos desafios e sacrifícios enfrentados por uma família de retornados que com a escalada da violência em Angola, por altura da guerra civil, embarcam rumo a Portugal, juntamente com quinhentas mil pessoas, sendo obrigados a deixar tudo o que conquistaram ao longo da vida para trás.

Ao seguir a viagem de Álvaro e Maria do Carmo Mendonça, juntamente com seus filhos, Ana e João, somos levados a testemunhar as circunstâncias dolorosas que muitos portugueses enfrentaram durante aquele período tumultuoso. Assim como milhares de outras famílias, os Mendonça são forçados a abandonar tudo o que construíram ao longo das suas vidas devido à crescente violência em Angola e à instabilidade política que se seguiu à guerra civil. A sua viagem para Portugal, junto com meio milhão de pessoas, simboliza não apenas uma migração física, mas também um caminho emocional e espiritual, no qual serão confrontados com a perda, o desenraizamento e a incerteza do futuro.

A série lembra-nos a resiliência e a capacidade de adaptação do povo português perante as mudanças históricas que moldaram a nossa nação, oferecendo uma narrativa poderosa sobre a força da família e da comunidade em tempos de adversidade.