Entrevista a Ana Araújo: Responsável de Caracterização
Formada em Artes, Nuxa, como é conhecida por todos no meio audiovisual, preenche uma vasta experiência na área da caracterização, completando vários projetos de ficção em televisão e cinema.
1 – Fale-nos um pouco do seu percurso profissional.
Fiz a minha formação em Artes, tendo tirado o curso de Design Gráfico e Pintura no Ar.Co (Centro de Arte & Comunicação Visual), e depois comecei a trabalhar numa empresa de design gráfico. Nessa altura, fiz um trabalho de pintura em corpos, fotografei-o, e depois enviei as fotografias à minha tia, que as mostrou a uma amiga maquilhadora, a Catherine Palmeiro. Foi ela que me incentivou a tirar um curso de maquilhagem/caracterização e eu acabei por seguir o seu conselho e, durante um ano, estive a fazer o curso, que adorei!
Termino o curso em 1992, na escola Nova Estética, com a formadora Guilhermina Seabra, e começo a trabalhar com a Catherine Palmeiro, durante alguns anos, em publicidade, com a equipa dela da L’Agence.
Em 1996, sou convidada para fazer a série da RTP, RISCOS, e a partir daí comecei o meu percurso em televisão, onde passei pela Endemol, nas séries Médico de Família, Querido Professor e Maiores de 20. Depois, em 2000, fui convidada para ir para a NBP, onde estive como responsável de caracterização em muitas novelas, até 2007, que foi quando vim para SP Televisão, onde ainda hoje estou.
Em 2022, ganhei o prémio Sophia, para melhor maquilhagem e cabelos no filme BEM BOM, que foi o culminar de 31 anos como maquilhadora. Sou muito grata e orgulho-me muito do meu percurso profissional, durante o qual fiz trabalhos maravilhosos, conheci muitas pessoas e levou-me a muitos países!
2 – Quais as maiores dificuldades na caraterização das personagens?
Não há propriamente dificuldades, o que muitas vezes pode haver são obstáculos que nos levam a ser mais criativos. Infelizmente, nem sempre temos tempo suficiente de preparação para construir as personagens, principalmente em novelas. O tempo, e outras condicionantes, leva-nos, por vezes, a ter outras formas mais criativas para fazer coisas giras e diferentes em menos tempo.
3 – Como se prepara para cada trabalho?
Em primeiro lugar é a viajar, ler, ir ao cinema, a ver coisas de moda e tendências, e a observar o Mundo em geral para me inspirar. De seguida vem a leitura dos guiões de cada projeto e reuniões, muitas, com o coordenador, para saber o que ele pretende. Depois disto, vem a criação de um lookbook, onde desenho cabelo, maquilhagem e as unhas de cada personagem. Só depois destes processos é que avanço para a execução, que confesso que é o que me dá mais gozo, em que há sempre uma conversa prévia com os atores e trocamos ideias, porque é importante que eles se sintam bem na pele das suas novas personagens.
4 – Que desafios lhe trouxe a novela Flor sem Tempo?
Este tem sido um projeto muito tranquilo de trabalhar, uma vez que nem todos são assim. Creio que o maior desafio desta novela é manter um look simples, fresco e natural em todas as personagens, sem grandes exuberâncias nos cabelos e na maquilhagem. Acho que isto foi conseguido.