Entrevista a Ana Teresa Castelo: Decoradora de FLOR SEM TEMPO

Com experiência no ramo da cenografia, figurinos e adereços há décadas, Ana Teresa Castelo conta-nos como chegou até esta profissão, como é ser decoradora do projeto FLOR SEM TEMPO e os desafios que o seu cargo exige.

 

Fale-nos do seu percurso profissional

Realizei a minha formação académica na Escola Superior de Teatro que, na altura, tinha lugar no edifício do Conservatório Nacional, no Bairro Alto. Ainda durante o Conservatório, comecei a trabalhar como aderecista para o Teatro Nacional de São Carlos e para o Politeama, quando reabriu como teatro, com o Filipe La Féria. Quando terminei o curso, o meu percurso continuou no teatro, como cenógrafa e figurinista. Pouco tempo depois comecei a trabalhar na área do audiovisual - no início, em decoração para várias telenovelas, e depois em cinema, alguma publicidade e séries.

Desta forma, considero que tenho tido um percurso profissional bastante diversificado. Há cerca de 6 anos, o meu ano de trabalho normalmente engloba a decoração para uma novela e a direção de arte de um a dois filmes e de entre duas a três séries. Em 2021, voltei também a fazer cenografia para teatro, com a Maria João Luís e o Teatro da Terra, sendo que em 2022 para além da cenografia, também trabalhei com figurinos. Esta recente experiência foi vista, aos meus olhos, como um regresso muito enriquecedor e agradável ao mundo do teatro. Atualmente, integro a equipa de direção de arte de uma série de oito episódios, da qual ainda não posso revelar muitos detalhes.

 

Quanto tempo de preparação exige o seu trabalho para uma novela e como o desenvolve?

Normalmente, entre dois e três meses de preparação, que englobam toda a pesquisa, análise de personagens e conceção da decoração. É sem dúvida um trabalho de equipa, que envolve coordenação com a cenografia, produção e realização.

 

Que desafios lhe trouxe a novela FLOR SEM TEMPO?

No caso da FLOR SEM TEMPO, o maior desafio foi recriarmos em estúdio um cenário de exterior, neste caso, uma rua onde se situam várias lojas e uma casa onde trabalham e vivem alguns dos personagens da novela. Todos os traços e evidências de marcas do exterior deveriam estar presentes – entre as quais, a degradação natural do tempo nas fachadas, na calçada, as ervas e florzinhas que crescem nos interstícios das pedras, a ferrugem que escorre das tampas de ferro do fornecimento de água e a terra e folhas murchas caídas pelo chão. Foi um trabalho muitíssimo agradável de fazer, em coordenação com as equipas de cenografia e construção.